sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Ser voluntário ...


Ser voluntário é ser missionário; buscar receber do próximo nada em troca, procurar em nós mesmos os erros e acertos que vemos em outrem; Entender como se chega a uma situação de vida, sem perguntar o antes, mas, semear buscando renascimento no durante e no depois. Ser voluntário na APAC acima de tudo é saber que os que contam conosco são aqueles que menos contam para a sociedade...

Pr. Wilson Ap. de Souza
Voluntário da APAC 

domingo, 4 de setembro de 2011

APAC de Lagoa da Prata forma novos voluntários

A APAC de Lagoa da Prata entregou no sábado, 3, os certificados do Curso de Voluntários, que estava sendo ministrado desde junho. Os novos voluntários já estão atuando em diversas atividades. Nas fotos o Presidente da Apac de Lagoa da Prata, Sr. Quito, e a psicologa Paula, entregam os certificados.








Apac comemora Dia dos Pais com almoço para família


Para comemorar o Dia dos Pais a APAC realizou no dia 20 de agosto um almoço para recuperando e suas famílias. O almoço foi preparado por voluntárias.




Projeto Regresso é apresentado ao empresariado de Lagoa da Prata

Iniciativa visa incentivar empresas a contratar mão de
obra de ex-recuperandos da APAC

Grande parte das reincidências criminais ocorre porque não é oferecida aos ex-detentos do sistema prisional uma oportunidade de trabalho digno na vida pós cárcere. Foi pensando em mudar essa realidade que o Instituto Minas Pela Paz (IMPP) lançou o Projeto Regresso. A iniciativa contribui para a reinserção no mercado de trabalho e promove o retorno à sociedade de quem esteve preso, se recuperou e quer começar uma nova etapa de vida.

Visando apresentar o Projeto Regresso ao empresariado de Lagoa da Prata e região, o IMPP, juntamente ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais, por meio do juiz de Execução Penal Marcelo Augusto Lucas Pereira, ao Sistema Nacional de Emprego (Sine) e à Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), realizaram um evento no dia 27 de julho de 2011, no Fórum. Durante a reunião o coral da Apac, composto por recuperandos, fizeram uma apresentação.

Representantes das indústrias e empresas locais e seus principais colaboradores da área de recursos humanos, além de autoridades, conheceram o Projeto, conscientizando-se sobre os benefícios gerados pela contratação de mão de obra de egressos e recuperandos da Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (Apac) de Lagoa da Prata.Dezenas de empresários e representantes de empresas estiveram no evento.

Sobre o Projeto Regresso
O Projeto Regresso é legitimado pela Lei Estadual 18.401, de 28 de setembro de 2009, apresentada pelo Instituto Minas Pela Paz ao Governo do Estado de Minas Gerais. Em Lagoa da Prata, os candidatos às vagas de trabalho e as empresas interessadas em estabelecer parceria deverão entrar em contato com Sistema Nacional de Emprego (Sine) local.

O Instituto Minas Pela Paz (IMPP) é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), criada pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) e as dez maiores empresas com sede em Minas Gerais. O principal objetivo da entidade é a promoção da justiça social, da paz, da cultura, da cidadania e dos direitos humanos, por meio da realização de ações de prevenção da violência e da criminalidade.Fonte: Assessoria IMPP



                                            Empresários e autoridades presentes no evento


                                     Representante do três poderes, da Apac e Projeto Regresso



 O ex-recuperando Paulo Valentin falou sobre a importância do emprego na recuperação. Hoje ele é funcionário da Apac


                                 O coral da Apac fez uma apresentação durante o evento 

sábado, 3 de setembro de 2011

Dias Melhores


Redação dos Recuperados:


Verdadeiro Amigo

Foi a cerca de nove anos, quando fui preso, naquele momento me vi sozinho e me sentia completamente abandonado por todos que diziam serem meus amigos.Somente minha família me apoiou diante de tanta dor.
Ali na prisão, pude perceber que a vida era frágil e regrada de pequenos valores  que não percebemos. Só damos valor nas coisas quando perdemos.
Eu me martirizava porque antes era muitos amigos e agora quem está ao meu lado são: minha família e Deus. Deus tem um plano de vida para cada um de nós. Ele colocou a APAC na minha vida.
A APAC é uma Associação que nasceu aos pés da cruz. E foi na APAC que após anos de sofrimentos Deus me mostrou que além da minha família e Dele eu tinha outros amigos verdadeiros que através do diálogo, respeito e amor eu venceria. Aqui fui amparado. Acreditaram em mim. Me valorizaram. Fizeram-me acreditar que eu era especial. Com tanto carinho que recebi percebi que tenho condições de me reerguer. Agradeço a Deus por tudo isso.
Marco Túlio


APAC lugar de mudar de vida

Antes de conhecer a APAC eu vivia uma vida que para mim era uma vida boa. Acreditava que tinha muitos amigos bons. Pensava que os meus amigos eram verdadeiros. Vivi uma ilusão. Quando fui preso sumiram, não me ajudaram. Mas quando tive a oportunidade de vir para a Apac comecei a entender o que é amizade. Um verdadeiro amigo está sempre tentando nos ajudar e muitas vezes não entendemos o que o amigo esta tentando fazer para o nosso bem.
Um amigo de verdade é aquele que nos momentos ruins de nossa vida fica do nosso lado para mostrar o caminho certo. Amigo de verdade não fala sim para tudo.
Sei que a diretoria da APAC quer meu bem e minha recuperação. Agradeço a Deus todos os dias porque a APAC esta mudando a minha vida, pois eles acreditam na minha recuperação.
Denilson Teixeira

OPINIÃO: “As coisas só tem significado quando nós as conhecemos”. Por Cintia Souza

Esta frase me marcou desde a primeira vez que a li quando participei, há alguns anos, do curso de voluntários da Apac (Associação de Proteção e Assistência ao Condenados) de Lagoa da Prata.  Julgar o passado de pessoas que um dia foram como nós, ou melhor, às vezes melhores do que nós, é muito fácil. O difícil é compreender e abraçar a causa que as levaram a se desviar do caminho, cometer crimes e causar tanto sofrimento às famílias.
Discriminação? Por quê? Afinal, não sabemos do dia de amanhã. Nossos filhos ainda irão crescer, nossos netos ainda irão nascer... Ninguém esta livre desta triste trajetória que assola milhões de famílias em todo o mundo. Julgamos sem conhecer, falamos sem medo e sem piedade sobre um assunto que está tão longe do coração. Antes de discriminar precisamos conhecer e acolher a grande lição que Jesus nos deixou: “Amai ao próximo como a ti mesmo”.
Que amor medíocre é esse que nos embala na emoção de falar mal e julgar aqueles que, talvez, não tiveram a mesma oportunidade que nós?
Em uma tarde de sábado, me emocionei ao assistir, em canal aberto e em horário de pico, uma grande lição que deveria ser seguida por todos: o sério trabalho desenvolvido pelo Grupo Cultural AfroReggae, que tem como visão “a luta pela transformação social que, através da cultura e da arte, desperta potencialidades artísticas que elevam a auto-estima de jovens das camadas populares”. Eles não se importam com quem são e nem de onde vieram esses jovens, apenas acreditam em um futuro melhor para eles.
Um dos assuntos que mais me chamou a atenção foi sobre a empregabilidade. “Nestes 3 anos completados em fevereiro de 2011, foram 1.904 pessoas inseridas no mercado de trabalho sendo que 855 tiveram alguma ligação direta ou indireta com o mundo do crime e  ex-detentos que estão cumprindo liberdade condicional. Todos empregados com carteira assinada e os direitos trabalhistas assegurados.  Antes, bandidos, agora cidadãos inseridos no mercado de trabalho formal pelo “Empregabilidade”, através de parcerias com grandes empresas. Instalado no centro do Rio de Janeiro, o escritório do Empregabilidade é coordenado por Norton Guimarães, 52 anos de vida, 30 na criminalidade, 11 preso. “Quando saí da prisão, descobri que a vida aqui fora era muito mais difícil. Queria ter uma vida honesta, mas ninguém me dava oportunidade. Não há emprego para quem quer mudar de vida. Só há preconceito”, lembra ele que está no AfroReggae há quatro anos. Hoje ele trabalha para mudar esta realidade. “Nem sempre foi fácil. Na busca por empresas parceiras, vi as portas se fecharem muitas vezes”.
            Este é apenas um dos milhares de exemplos que provam que ainda existem pessoas que acreditam na recuperação do outro.
            Que as empresas de Lagoa da Prata possam também seguir este exemplo, dar oportunidade para aqueles que não souberam aproveitar as chances da vida. Que instituições, igrejas e organizações não governamentais possam criar um novo ambiente nos presídios, Apac e fazendas de recuperação de dependentes químicos.  
Outro exemplo também exibido pela televisão foi de um time de futebol argentino, “Pioneros”, formado por presidiários e carcereiros. Desde 2009, guardas e detentos dividem o mesmo uniforme do time. “Pelo portão, rumo ao pátio, passam 20 prisioneiros. Os únicos que podem deixar a Unidade 21. Nas mãos, chuteiras e bolas de futebol. No caminho entre as celas e o campo, os jogadores do Club Deportivo Pioneros pensam na próxima vitória. Parece roteiro de filme, mas é dia de jogo para a equipe oficial do Sistema Penitenciário da capital da Argentina. Quando jogam fora de casa, usam escolta policial e viajam no ônibus do presídio. Guardas armados acompanham os movimentos dos jogadores, condenados por delitos como roubo, sequestro e homicídio. As partidas em casa são realizadas em campo oficial, do lado de fora da Unidade 21”.
Jogadores que levaram cartão vermelho da sociedade encontram dentro do presídio uma forma de ser “gente” com direitos e deveres. Isso esta na legislação. A Lei de Execução Penal diz o seguinte:
Art. 1º A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e do internado.

Art. 10. A assistência ao preso e ao internado é dever do Estado, objetivando prevenir o crime e orientar o retorno à convivência em sociedade.
Parágrafo único. A assistência estende-se ao egresso.
Art. 22. A assistência social tem por finalidade amparar o preso e o internado e prepará-los para o retorno à liberdade.
Art. 41 - Constituem direitos do preso:
V - proporcionalidade na distribuição do tempo para o trabalho, o descanso e a recreação;
VI - exercício das atividades profissionais, intelectuais, artísticas e desportivas anteriores, desde que compatíveis com a execução da pena;
            Eu finalizo apenas com uma frase que ouvi outro dia: “Um condenado recuperado é menos um bandido na sociedade”, pense nisso.

*Cintia é jornalista e familiar de recuperando